Antígona de Sófocles e Antígona de Butler
Resenha crítica a partir de algumas leituras
Alexsandro Gomes do Nascimento
Graduando em Psicologia
2010046204
Belo Horizonte-MG
2013
Antígona de Sófocles:
Resenha crítica a partir de algumas leituras
Alexsandro Gomes do Nascimento1
Em contextos como o da contemporaneidade, no qual estamos vivendo agonizadamente, marcados por inúmeros atos atrozes, banais e sanguinários, em sua maioria marcados pela arbitrariedade e completa impunidade – ou melhor, certeza absoluta de impunidade –, surgem figuras como Antígona (Sófocles, 2001). Elas nos fazem relembrar tragicamente estas situações atuais – umas de ordem jurídica, outras, de questões relativas à diversidade tanto sexual como familiar – que clamam por uma parrésia, qual seja: a coragem de dizer ao poder a verdade desconcertante, mesmo sob risco, fazendo com que o mesmo responda, ou se reestruture. Sim. Antígona se insurge contra a arbitrariedade de seu rei-tio Creonte, que queria decidir acerca do futuro de seu também sobrinho, e irmão de Antígona – Polinices –, já falecido. É que o tio de ambos entendia que o sobrinho não era digno das honras fúnebres e Antígona, contrariamente a isso, desafia toda a ordem, pagando com a vida, e lembrando-nos que:
...quando sucede de o poder apoiar pesadamente sua espada num dos pratos dessa balança, então não resta mais que o grito, solitário, insuportável, de um homem ou de uma mulher excepcionais para servir de contrapeso. (OST, 2005, p. 180)
O drama de Antígona – e o de todos os oprimidos da contemporaneidade – convida-nos a pensar algumas possibilidades de leitura e de ação da realidade. Três possíveis leituras podem ser feitas, em relação à tragédia grega em questão. Primeiramente, pode-se pensar numa leitura que, por um lado, nos remete aos “direitos naturais” (incorporados na figura de Antígona) e, por outro, à lei das contingências (representadas por Creonte).
Uma segunda leitura passará,