Antropologia
(Por Ivanaldo Santos)
Doutor em Letras e Professor do
Departamento de Filosofia da UERN.
[Resenha de: CORDIVIOLA, Alfredo; SANTOS, Derivaldo dos;
CAVALCANTE, Ildney. (Orgs.). Fábulas da iminência: ensaios sobre literatura e utopia. Recife: Programa de Pós-Graduação em Letras, 2006. (Coleção Letras)]
RESENHA
n. 30 2006 p. 115-116da forma literária que cristaliza a consciência utópica a tal ponto que a utopia literária tornou-se um dos subgêneros da prosa a partir dos textos humanistas do início da Modernidade, passando por fases de marcante presença no século XIX e, no século XX, no contexto histórico dos movimentos sociais e de luta pelos direitos civis nas décadas de 1960 e 1970. Dentro desse rico contexto histórico, enfatiza-se o ensaio de Erickson e Erickson, “Anatomia utópica: cânone & gênero” (p.15-32).
Neste ensaio, afirma-se que, dentro do discurso literário, a obra de Thomas More, A
Utopia, não surge apenas como marco inaugural de um gênero literário, mas também como uma reciclagem de outros gêneros literários disponíveis anteriormente, como, por exemplo, A República de Platão. Esse novo gênero literário está inserido no contexto do humanismo da Renascença e influenciará a literatura moderna e contemporânea.
Outro ensaio destacado, entre todos que, obviamente, merecem destaque, apresenta o texto produzido por Andrade, “A noção e a aldeia global – utopias e ideologias na pós-modernidade?” (p.41-56). Nesse ensaio, afirma-se que há um novo modelo de relações instituídas pelas possibilidades de interações surgidas com o processo de globalização e que se caracteriza, pelo menos aparentemente, como uma nova utopia. Essa nova utopia seria a livre circulação de mercadorias e informações. Do ponto de vista utópico, pensa-se que o passo seguinte será a livre circulação de seres humanos, indivíduos livres, cidadãos do mundo. Entretanto, a realidade demonstra que existem cidadãos do mundo de primeira e de segunda