antropologia

Texto 3

Antropologia, história e diferença

Se o relativismo cultural for definido como uma tentativa de avaliar cada cultura nos seus próprios termos, evitando a imposição de critérios derivados de outras culturas, ou da nossa própria cultura, toma-se evidente que uma das suas pré-condições é a possibilidade de ver e compreender a cultura em questão por dentro, tal como os membros daquela cultura a vêem e compreendem. Esta possibilidade parece, à primeira vista, ser oferecida ao antropólogo pelo seu método característico de investigação, a observação participante no decurso de um trabalho de campo contínuo e prolongado. O trabalho de campo, cuja função como rito de iniciação à profissão é notória, obriga o antropólogo a submeter-se a uma socialização acelerada na cultura estudada. Eis como John Beattie descreve a experiência do trabalho de campo antropológico.

«Que faz o antropólogo quando se encontra pela primeira vez no meio de uma cultura que não lhe é familiar? Quer se encontre numa tribo nas florestas da África central, numa minúscula ilha do Pacífico, ou numa comunidade camponesa da Europa ocidental, aquilo que vê no início são pessoas que estão a fazer coisas, a conversar, provavelmente numa língua estranha, a ir e vir. No início tudo parece confusão. O antropólogo recém-chegado poderá distinguir os jovens dos velhos, os homens das mulheres, e poderá identificar algumas actividades – como as de comer, beber, cavar, cozinhar, brigar – quando as observar. Poderá, também, reconhecer que este homem ou grupo de homens está, ou parece estar, alegre, aquele zangado, outro a lamentar-se. Mas não saberá quem é quem, por que razão estes se estão a ajudar um ao outro, aqueles dois a brigar, sobre o que estão a falar. Nesta fase preliminar, se a comunidade em questão e a sua cultura forem muito diferentes da do antropólogo, este sentir-se-á completamente confuso e perplexo. E uma experiencla assustadora e pode durar muito tempo. A maioria dos antropólogos