Nos séculos seguintes, a competição com a nova área produtiva das Antilhas desloca o Nordeste dos mercados mundiais e provoca uma deterioração crescente dos preços, que geraria uma crise crônica na região açucareira. O sistema implantado se revelaria, entretanto, perfeitamente capaz de enfrentar essa crise e a exacerbação da única contradição ativa, que era a rebeldia escrava, cruamente subversiva e atentatória à ordem social, cuja repressão estava a cargo do Estado. Assim sobrevive o sistema por séculos, apesar da queda constante da rentabilidade. Para isso, porém, é compelido a adotar formas cada vez mais autárquicas de produção, utilizando o escravo disponível nas épocas de recessão para prover não só a própria subsistência alimentar, mas os panos que vestia, os equipamentos desgastados de engenho e até as alfaias. Em certos períodos de agravamento da crise o engenho como patrimônio familiar se salva pela venda de parte da escravaria que ele próprio produzia aos empresários da região mineradora, para a qual se transferira o fulcro da economia colonial. O impacto das forças transformadoras da Revolução Industrial desencadeia uma era de revoluções sociais em todo o mundo, antes de cristalizar-se numa nova ordenação social estável. Entre elas se contam as insurreições, inconfidências e levantes que antecedem a independência brasileira e que se seguem a ela. Todas buscavam os caminhos de uma reordenação da sociedade que, rompendo com a trama constritiva da dominação colonial e com a estreiteza da ordenação classista interna, abrissem ao povo melhores condições de desempenho na civilização emergente. Essas forças renovadoras, atuando sobre o contexto da área cultural crioula abrem, pela primeira vez, às suas populações urbanas, oportunidades de rebelar-se contra a velha ordem. Estalam, em conseqüência, múltiplas insurreições nas quais lideranças encarnadas, principalmente, por padres libertários aliciam e põem em ação massas irredentas, desde São Luís do Maranhão