Antropologia das Tradições Religiosas
LVSB
Nesta obra Câmara resume o que diz a Antropologia a respeito das tradições religiosas discorrendo sobre totemismo, como forma antiquíssima de religiosidade, o que é o sagrado e algumas teorias filosóficas sobre religiosidade.
De início Câmara trabalha a noção de sagrado e profano a partir do conceito de totemismo, conjunto de ideias e práticas baseadas na crença dum parentesco místico entre os homens e animais, plantas, objetos ou fenômenos naturais, que constituem o totem. Caracteriza-se a existência do totemismo em uma sociedade se ela é composta por um número identificável de grupos (clãs), onde cada grupo possui identificação com um determinado totem, e normalmente não pode haver migração de um membro de um clã para outro.
O totemismo consiste no culto de animais e vegetais, de antepassados e de forças divinizadas da natureza. Os totemistas se julgam associados a seres animais e vegetais ou, mesmo, a fenômenos e elementos naturais como o sol, a água, o trovão, o raio, etc... Todos se creem ligados entre si, na pessoa de um antepassado heroico, que tanto pode ser um homem, como um animal ou uma planta.
Formam-se assim agrupamentos, clãs, mais ou menos numerosos denominados, por exemplo: clã do corvo, clã da serpente, clã do pinheiro, etc.. O antepassado totem é venerado pelo clã e torna-se um tabu (coisa sagrada, inviolável), que não pode ser morto, nem comido, nem tocado, ou destruído de maneira alguma. É o instrutor, o protetor do clã, o intermediário entre os homens e a força ou coisa que está além dos homens. Consultam-no nas dificuldades, fazem-lhe oferendas, criam-lhe ritos e cerimônias.
O totem social visa ampliar a área social do clã no espaço, propagando a sociedade deles e o totem religioso visa orientar num mesmo sentido os impulsos sempre primitivos e violentos do homem.
Há alguns aspectos que diferenciam totem, espírito guardião e religião. Totem não é uma religião e tem a ver