Antropologia das sociedades modernas

Como os trabalhos de B. Latour e M. Sahlins abrem caminhos para o estudo das sociedades modernas/capitalistas para a antropologia?

Bruno Latour nos leva a refletir sobre a ideia de modernidade que se estabeleceu na sociedade Ocidental e faz uma crítica bastante pertinente ao conceito. Para ele, a sociedade contemporânea opera através do esquema de redes, como uma miscelânea de vários aspectos, que se misturam e se complementam. A modernidade, por outro lado, segue o ideal de fragmentação e e especificação. Se para Latour a sociedade é de rede, ele contrapõe essa proposta à ideia moderna de fragmentação do corpo social, em que cada área do conhecimento é não apenas diferente de qualquer outra e portanto única, como totais em si mesmas, a ponto de negar a produção vinda de outro setor do conhecimento. Outro ponto relevante que Latour levanta é a questão da “tradução” e da “purificação”. Juntamente com o conceito de redes, esse é o argumento principal que valida sua crítica à modernidade. Se à “tradução” cabe a visão da mistura existente na sociedade, a percepção de natureza e cultura como entidades complementares e fundidas; à “purificação” cabe a visão oposta, em que o mundo é fragmentado e categorizado. A primeira se relaciona bem mais à proposta de rede colocada por Latour e a segunda à ideia moderna de sociedade.
Bem, se se é possível afirmar a “purificação” e a “tradução” como complementares, é nesse ponto que a modernidade se desfaz a partir da visão da sociedade por esse novo olhar, um olhar antropológico mais maduro, de valorização das diferenças e não mais como relações de atrito – como o caso das ciências sociais e biológicas, ou mesmo entre sociedades “ocidentais” e “não ocidentais”. Um terceiro aspecto importante é a ideia de “Constituição Moderna” que Latour aponta. Nesse trecho é importante retomar a ideia da complementaridade. Ele defende que a separação entre natureza e cultura está na verdade muito pouco palpável, visto que ambas operam