Antropologia cultural
Zygmunt Bauman – filósofo e sociólogo polonês, defensor incansável da ideia de que a fluidez dos vínculos, que marca a sociedade contemporânea, encontra-se inevitavelmente inserida nas próprias características da pós-modernidade – faz uso da metáfora da "liquidez" para caracterizar o estado da sociedade moderna contemporânea: como os líquidos, ela se traduz pela incapacidade de manter a forma. Tal imagem se contrapõe à da sociedade moderna anterior, a qual, por ser rija e inflexível, foi denominada pelo autor de "modernidade sólida". Apesar da distinção, entre ambas há um elemento comum primordial: o fato de serem “modernas”, isto é, de serem produtos do ato de pensar em si mesmas, próprio da civilização.
E aqui, Bauman nos chama a atenção para o fato de que “só a sociedade moderna pensou em si mesma como uma atividade da ‘cultura’ ou da ‘civilização’ e agiu sobre esse autoconhecimento” (BAUMAN: 1998, p. 07). Essa ação civilizatória tem como característica fundamental desmontar a realidade herdada, isto é, por ordem no que pode lhe causar mal-estar. Nesse contexto, percebe-se que na modernidade tal ação concentrava-se em por ordem no caos, buscando-se a beleza e a harmonia, enquanto que o impulso na pós-modernidade é pela liberdade individual (BAUMAN: 1998, pp. 08,09). Entretanto, enquanto na modernidade sólida essa desconstrução se fazia sob uma perspectiva de longa duração, com a intenção de torná-la melhor e novamente sólida, na contemporaneidade líquida, tudo está agora sendo permanentemente desmontado, sem perspectiva de alguma permanência. Tudo é temporário.
Para Bauman, essa forma de agir gera um estado permanente de mudança, através do qual estilos de vida, crenças e convicções mudam antes que tenham tempo de se solidificar em costumes, hábitos e verdades "auto-evidentes", liquefazendo-se continuamente, não permitindo, assim, que padrões de conduta se solidifiquem em rotinas e tradições. Dessa forma, se anteriormente, no estado