Antrop 2 Azande
CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS
CIÊNCIAS SOCIAIS
ANTROPOLOGIA II Profa. Dra. Martina Ahlert Discente: Daniel Fernandes Ribeiro
EVANS-PRITCHARD, E. E. “A noção de bruxaria como explicação de infortúnios”. In: Bruxaria, oráculos e magia entre os Azande. Rio de Janeiro: Zahar, 1978, p. 49-61.
As análises sobre as relações sociais entre os Azande, segundo o autor, demonstraram que as crenças sobre bruxaria compreendem um sistema de valores que regula a conduta humana. Nesse sentido, as relações são pautadas por uma lógica, a da bruxaria, “que desempenha um papel em todas as atividades da vida dos Azande.” (p. 49). O fato da organização social ser engendrada por exemplificações para todo e qualquer infortúnio que se abate sobre qualquer pessoa, a qualquer hora e em relação a qualquer das múltiplas atividades da vida, ele pode ser atribuído à bruxaria. Assim, os fatos que não são passíveis de explicação são, necessariamente, causa de bruxaria. As explicações para momentos em que a coincidência, no entendimento do autor, é a explicação azande para os eventos que ocorrem precisamente no mesmo momento, e não em outro, causando infortúnio não existiria “se não tivesse havido bruxaria”, ou seja, a bruxaria servia para explicar coincidências.
Vale destacar que o autor ressalta o fato dos Azande não serem capazes de analisar suas doutrinas da forma como ele fez: “me diga o que vocês Azande pensam da bruxaria, porque o tema é demasiado e indeterminado a um só tempo vago e imenso demais para ser conscientemente descrito.” (p. 53). A filosofia Azande, para o autor, não seria afirmada como doutrina, embora explícita. As suas explicações eram feitas em termos de situações reais e particulares. Deste modo, “eles descrevem os acontecimentos num idioma que é explanatório.” (p. 54). O autor explica que a crença Azande na bruxaria não contradiz absolutamente o conhecimento