Antonio Severino
Antônio Joaquim Severino
Feusp
Introdução
A educação é processo inerente à vida dos seres humanos, intrínseco à condição da espécie. A reprodução dos seus integrantes não envolve apenas uma memória genética mas, com igual intensidade e cogência, pressupõe ainda uma memória cultural. Em decorrência dessa condição, cada novo membro do grupo precisa recuperar essa memória, inserindo-se no fluxo de sua cultura. Ao longo da constituição historico-antropológica da espécie, esse processo de inserção foi se dando, inicialmente, de forma espontânea, quase que instintiva, prevalecendo o processo de imitação dos indivíduos adultos pelos indivíduos jovens, nos mais diferentes contextos pessoais e grupais que tecem a malha da existência humana.
Mas, com a complexificação da vida social, foram implementadas práticas sistemáticas e intencionais destinadas a cuidar especificamente desse processo, instaurando-se então instituições especializadas que se encarregam de atuar de modo formal e explícito na inserção dos novos membros no tecido sócio-cultural.
Nasceram então as escolas. Sem prejuízo dos esforços e investimentos sistemáticos que ocorrem no seio de suas práticas formais, o processo abrangente de educação informal continua presente e atuante no âmbito da vida social em geral, graças às atividades interativas da convivência humana. Mas a formalização cada vez maior da interação educativa decorre da própria natureza da atividade humana, que é sempre atividade intencionalmente planejada, sempre vinculada a um telos que a direciona.
Desse modo, todos os agrupamentos sociais, quanto mais se tornaram complexos, mais desenvolveram
práticas
formais
de
educação,
institucionalizando-as
sistematicamente.
Desde sua gênese mais arcaica, essa inserção sócio-cultural envolve sempre uma significação valorativa, ainda que o mais das vezes implícita nos padrões comportamentais do grupo e inconsciente para os indivíduos envolvidos, pois se trata de um