Antonio Sant'elia
Arquiteto: João Filgueiras Lima (Lelé) por Pedro Veiga da Silva Neto
Obra: Hospital Sarah Kubitschek – Brasília.
A idéia de concretizar uma arquitetura mais humana, preenchida por luz e ventilação natural, além de racionalizada e economicamente viável, tornou a Rede Sarah um símbolo de boa arquitetura. O Centro de Tecnologia fornece hoje peças não só para os hospitais da rede, mas também para outras obras como Escolas, Tribunais de Contas e Tribunais Eleitorais em todo o país, provando seu sucesso. A força das propostas de Lelé, capazes de romper a descontinuidade das políticas públicas, e penetrarem em grande parte de nosso território, mostra que a arquitetura pode, sim, ter sua parte num mundo e num Brasil melhor.
Sua arquitetura, como ele define, não é "artesanal", é "industrial", a tentativa de integrar tecnologias em busca de uma beleza funcional. "É um pensamento industrial", diz Lelé, 81, à Folha. "Nas fábricas de automóveis, as peças vêm de lugares diferentes e são montadas sem que o carro vire um Frankenstein. Isso é fundamental num processo de industrialização, e é também a maior característica das minhas obras." Mas, por nítida influência de Niemeyer, de quem diz ter herdado conceitos de espaço, Lelé também enfatizou as curvas em seus hospitais construídos. São estruturas metálicas que, mesmo montadas a partir de peças distintas, dão sensação de movimento contínuo às obras. Lelé conta que todas as curvas e formas orgânicas em seus prédios seguem o mesmo princípio construtivo. Embora pareçam diferentes em cada projeto, suas telhas estão articuladas em esqueletos metálicos semelhantes. "Essa coisa de construir e entender o prédio nas suas entranhas vem da indústria", diz Lelé. "Tem a procura constante da beleza, mas é como um ser humano, que não pode ser só pele. Precisa dos músculos e dos ossos. Essas coisas estão integradas."