antologia
Por que ler,hoje,poesia do século XIX ?
Ler poemas antigos enriquece o vocabulário, te faz entender como era a literatura, no caso, do século XIX, dá pra entender qual era o assunto do momento e consequentemente qual era a visão das pessoas dessa época, como eles lidavam com o amor, o que era aceitável e o que não era.
CORPO
Até Amanhã
Sei agora como nasceu a alegria, como nasce o vento entre barcos de papel, como nasce a água ou o amor quando a juventude não é uma lágrima.
É primeiro só um rumor de espuma à roda do corpo que desperta, sílaba espessa, beijo acumulado, amanhecer de pássaros no sangue.
É subitamente um grito, um grito apertado nos dentes, galope de cavalos num horizonte onde o mar é diurno e sem palavras.
Falei de tudo quanto amei.
De coisas que te dou para que tu as ames comigo: a juventude, o vento e as areias.
Eugénio de Andrade
Explicação
A juventude pode ser expressa como alegria de um barco de papel.
Juventude
Sim, eu conheço, eu amo ainda esse rumor abrindo, luz molhada, rosa branca. Não, não é solidão, nem frio, nem boca aprisionada.
Não é pedra nem espessura.
É juventude. Juventude ou claridade.
É um azul puríssimo, propagado, isento de peso e crueldade.
Eugenio de Andrade
Explicação
A dificuldade que a juventude tem,muitas vezes.
Adolescentes
Exaustos, mudos, sempre que os vejo,
Nos bancos tristes que há na cidade,
Sobe em mim próprio como um desejo
Ou um remorso da mocidade...
E até a brisa, perfidamente
Lhes roça os lábios pelos cabelos
Quando a cidade, na sua frente
Rindo e correndo, finge esquecê-los!
Eles, no entanto, sentem-na bela.
(Deram-lhe sangue, pranto e suor).
Quantos, mais tarde se vingam dela
Por tudo o que hoje sabem de cor!
E essas paragens nos bancos tristes
(Aquela estranha meditação!)
Traz-lhes, meu Deus, só porque existes,
A garantia do teu perdão!
Pedro