Antologia poetica
FERNANDO PESSOA
Fernando António Nogueira Pessoa (Lisboa, 13 de Junho de 1888 — Lisboa, 30 de Novembro de 1935), foi um poeta, filósofo e escritor português.
É considerado um dos maiores poetas da Língua Portuguesa, e da Literatura Universal, muitas vezes comparado com Luís de Camões. O crítico literário Harold Bloom considerou a sua obra um "legado da língua portuguesa ao mundo".
Tenho tanto sentimento que...
Tenho tanto sentimento
Que é freqüente persuadir-me
De que sou sentimental,
Mas reconheço, ao medir-me,
Que tudo isso é pensamento,
Que não senti afinal.
Temos, todos que vivemos,
Uma vida que é vivida
E outra vida que é pensada,
E a única vida que temos
É essa que é dividida
Entre a verdadeira e a errada.
Qual porém é a verdadeira
E qual errada, ninguém
Nos saberá explicar;
E vivemos de maneira
Que a vida que a gente tem
É a que tem que pensar.
Fernando Pessoa- CANCIONEIRO-(18-9-1933)
A primeira sensação de Pessoa é que ele é essencialmente um emocional. Mas Fernando Pessoa ortónimo é, essencialmente, um contra-intuitivo, é um racional. Pessoa provavelmente racionaliza a sua emoção para se proteger dos efeitos dela. A racionalização será, ao longo da sua vida, uma das armas que ele utiliza para lidar com a sua solidão e com os momentos mais negativos. É o mesmo que ele escrevesse que é impossível considerar que toda a vida é feita de sofrimento, e que a vida real tem menos sofrimento do que nós pensamos, pois o sofrimento extra é imposto por nós próprios. E a vida "errada" é a que pensa a realidade e a que transforma a realidade em mais sofrimento.
LIBERDADE
Ai que prazer não cumprir um dever.
Ter um livro para ler e não o fazer!
Ler é maçada, estudar é nada.
O sol doira sem literatura.
O rio corre bem ou mal, sem edição original.
E a brisa, essa,