antologia poetica modernista
Tão velha!
Quem fez aquela casa foi o bisavô...
Deram-lhe para dormir a camarinha, uma alcova sem luzes, tão escura!
Mergulhada na tristura de sua treva e de sua única portinha...
A moça não disse nada, mas mandou buscar na cidade uma telha de vidro...
Queria que ficasse iluminada sua camarinha sem claridade...
Agora, o quarto onde ela mora é o quarto mais alegre da fazenda, tão claro que, ao meio dia, aparece uma renda de arabesco de sol nos ladrilhos vermelhos, que — coitados — tão velhos só hoje é que conhecem a luz do dia...
A luz branca e fria também se mete às vezes pelo clarão da telha milagrosa...
Ou alguma estrela audaciosa careteia no espelho onde a moça se penteia.
Que linda camarinha! Era tão feia!
— Você me disse um dia que sua vida era toda escuridão cinzenta, fria, sem um luar, sem um clarão...
Por que você não experimenta?
A moça foi tão bem sucedida...
Ponha uma telha de vidro em sua vida!
Comentário: “ Raquel de Queiroz expõe em seu poema a proposta de abrirmos nossas vidas para as oportunidades, de deixarmos que a luz, a alegria, o bem estar, esteja presente em nossas vidas.”
ANGÚSTIA (Graciliano Ramos)
"Lá estão novamente gritando os meus desejos. Calam-se acovardados, tornam-se inofensivos, transformam-se, correm para a vila recomposta. Um arrepio atravessa-me a espinha, inteiriça-me os dedos sobre o papel. Naturalmente são os desejos que fazem isto, mas atribuo a coisa à chuva que batem no telhado e à recordação daquela peneira ranzinza que descia do céu todos os dias."
Comentário: “O poema tem uma visão de seguir, acompanhar os passos, obedecer aos pedidos e desejos propostos. O modo como foi escrito, a crítica realizada aos desejos inalcançados torna esta poema modernista”.
Canção do Exílio
(Murilo Mendes)
“Minha terra tem macieiras das Califórnia