Antologia de poesia
Professora: Sónia Capela Pisco
«Ai flores, ai flores de verde pino,
Se sabedes novas de meu amigo!
Ai Deus, e u é?
«Ai flores, ai flores do verde ramo,
Se sabedes novas do meu amado!
Ai Deus, e u é?
Se sabedes novas do meu amigo,
Aquel que mentiu do que pôs comigo!
Ai Deus, e u é?
Se sabedes novas de meu amado,
Aquel que mentiu do que mi á jurado!
Ai Deus, e u é?
- Vós me perguntades pelo voss’amigo,
E eu bem vos digo que é san’e vivo.
Ai Deus e u é?
- Vós me perguntades pelo voss’amado,
E eu bem vos digo que é san’e vivo.
Ai Deus e u é?
E eu bem vos digo que é san’e vivo
E seerá vosc’ ant’o prazo saído.
Ai Deus, e u é?
E eu bem vos digo que é viv’e sano
E seerá vosc’ant’o prazo passado.
Ai Deus, e u é?
D. Dinis (CV 171/CBN 568)
Senhora, partem tam tristes
Meus olhos por vós, meu bem,
Que nunca tam tristes vistes
Outros nenhus por ninguém.
Tam tristes, tam saudosos,
Tam doentes da partida,
Tam cansados, tam chorosos,
Da morte mais desejosos
Cem mil vezes que da vida.
Partem tam tristes os tristes,
Tam fora d’esperar bem,
Que nunca tam tristes vistes
Outros nenhus por ninguém.
João Ruiz Castell-Branco (C.G., III,134)
Chegou a tanto meu mal
Que nam sei estar sem ele,
E fugo dond’há i al,
Como se fugisse dele.
Mas vendo-me em tal estado
Que me vou craro matar
Nam quero mais cuidar,
Por ver s’emfado um cuidado
Que me nam pod’emfadar.
Bernardim Ribeiro (CG., V, 270)
Meu bem, sem vos ver
Se vivo hu dia,
Viver nam queria.
Caland’ e soffrendo
Meu mal sem medida,
Mil mortes na vida
Sinto nam vos vendo.
E pois que, vivendo,
Moiro toda a via,
Viver nam queria.
Conde do Vimioso (C.G., II, 318)
MOTE Descalça vai para a fonte
Lianor, pela verdura;
Vai fermosa, e não segura.
VOLTAS
Leva na cabeça o pote,
O testo nas mãos de prata,
Cinta de fina escarlata,
Sainho de chamalote;