Antero de Quental
Ele passa a tratar da situação de abatimento que caracterizava essa decadência, lembrando a grandeza, a importância e a originalidade dos peninsulares nos períodos da Renascença, Idade Média e Antiguidade. A raça peninsular sempre primou por sua independência local, originalidade inventiva, instinto político de descentralização e federalismo, visto na soberania dos reinos e condados. Houvera no passado um “espírito independente e autonômico das populações”, o que era “singularmente democrático”. Um tempo em que existia uma união entre nobres e populares, e onde o instinto do Direito estava nas consciências das pessoas.
Esse povo não aceitava o despotismo religioso e político, mas era religioso por natureza, fazia a sua própria religião com paixão, e não a aceitava feita ou imposta por terceiros. Não aceitava dogmas, teologia e mistérios cristãos, mas adorava seus santos padroeiros. Antero classifica isso como o “gênio criador e individualista, que precisa rever-se nas suas criações”. Essa atitude da Península diante de Roma partia do povo, e não apenas de alguns. A caridade se sobrepunha ao preconceito, e na fecundidade do povo, saíam santos cujas histórias causavam compaixão.
Mas o espírito peninsular também se destacara no mundo da inteligência, especialmente na Idade Média, na filosofia escolástica, teologia, criações, arquitetura e