Ansiedade e propanolol
relato de caso
Ansiedade social e abuso de propranolol: relato de caso
Social anxiety and propranolol abuse: a case study
Bruno José Barcellos Fontanella
Laboratório de Pesquisas Clínico-Qualitativas do Departamento de Psicologia Médica e Psiquiatria da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas. Campinas, SP, Brasil
Resumo
Paciente com grave ansiedade social automedicou-se com propranolol durante seis anos, em doses de até 320 mg/d. Além do tratamento psicanalítico que já havia iniciado, foi tratada com tranilcipromina, apresentando melhora parcial do quadro fóbico e do abuso do betabloqueador. Após introdução de paroxetina, houve melhora ainda mais pronunciada. Apesar da automedicação com uma substância potencialmente eficaz em alguns casos, perpetuou-se durante anos um grave padrão fóbico de comportamento. O caso exemplifica as dificuldades de procura de tratamento específico pela população de fóbicos sociais. Levanta-se a hipótese da existência de uma prática crescente de automedicação com betabloqueadores entre fóbicos sociais e pessoas com ansiedade de desempenho, problema cuja relevância para a saúde pública ainda não foi pesquisada. Propranolol. Transtornos fóbicos. Abuso de substâncias. Automedicação. Fobia social. A patient with severe social anxiety disorder has taken unprescribed propranolol for six years (up to 320 mg/ day). In addition to the psychoanalytic treatment that had been instituted and after the diagnosis and prescription of tranilcipromine, both the social anxiety symptoms and propranolol abuse have improved; after the prescription of paroxetine she underwent a better controlled use of the betablocker. Despite the informal self-prescription for several years, the generalized social anxiety symptoms persisted. This case exemplifies the special difficulty of social phobic patients to seek for treatment. The author formulates a hypothesis that there may be an