Anorexia Nervosa Aspectos Psicológicos e tratamento em Psicoterapia
A anorexia nervosa (AN) é um outro tipo de transtorno alimentar que, se comparado à bulimia nervosa, apresenta dimensões que requerem seriedade maior no tratamento. Desde as publicações mais antigas em revistas especializadas até os dias de hoje, os artigos existentes — que são poucos — e que por ventura contenham sua descrição, prognóstico de melhora ou mesmo os índices de recuperação, apresentam, na grande maioria, resultados desalentadores.
As razões para a escassez de pesquisas dos resultados de tratamentos incluem: a) baixa incidência do transtorno; b) dificuldade de recrutar pacientes que se percebam como tendo um problema significativo; c) severidade do transtorno; e d) alto índice de desistência da terapia ambulatorial. Assim, a pesquisa disponível a respeito da AN ainda apresenta dados muito contraditórios, embora a maioria dos estudos de resultado em longo-prazo apontem para um sucesso bem mais limitado. Somente para citar um exemplo, em um olhar mais amplo em mais de cem estudos, somente cerca de 50% das pacientes se "recuperam totalmente" (e isto quer dizer o restabelecimento do peso, a normalização dos comportamentos alimentares e o retorno da menstruação regular). Outros 30% experienciam uma recuperação parcial caracterizada por algum tipo de resíduo ou distúrbio no comportamento alimentar e pela falta de habilidade para manter o peso normal. E, finalmente, nos 20% restantes, a doença assume uma forma crônica, não apresentando qualquer sinal de remissão.
Um outro estudo mais recente com 193 anoréxicas sugeriu que, em tratamento de curto prazo, a maioria recobrou o peso com um único propósito: deixar a internação. Portanto, pode-se facilmente perceber que estamos diante de uma das populações mais refratárias a qualquer forma de ajuda. Nesse sentido, o que se procura alcançar com as pacientes com AN é: a) o restabelecimento dos padrões normais de alimentação (pois 50% das