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Anne-Marie CHARTIER,
Service d'histoire de l'éducation.INRP-Paris
Há vinte anos na França – e mais recentemente no Brasil – tem-se constatado uma renovação dos livros didáticos que ensinam os principiantes a ler. Os editores têm buscado responder às exigências dos novos programas de ensino, baseados na organização da escola em ciclos, e nas demandas de uma nova geração de professores.
A inovação sobre a qual eu gostaria de falar concerne, sobretudo, a um novo produto editorial, que acompanha o livro e o caderno de exercícios; é o manual do professor. Distribuído gratuitamente pelo editor, ele traz uma visão de conjunto do ano letivo e da progressão (por exemplo, em que momento do ano é introduzido e trabalhado cada fonema). Ele provê indicações breves para cada lição e, o que é interessante, uma justificativa “científica” das escolhas que organizam o trabalho. Esta apresentação é quase sempre escrita por um professor universitário, linguista, didata da língua ou psicólogo.
A organização didática de cada unidade de trabalho, a escolha dos exercícios, a concepção da progressão anual se referem, desse modo, a saberes científicos oriundos da psicologia, da psicolinguística, das pesquisas em didática. As escolhas teóricas podem enfatizar uma dimensão
“construtivista” das aquisições (referindo-se à psicogênese de Emilia Ferreiro ou à Zona de
Desenvolvimento Proximal de Lev Vygotsky). Outros autores privilegiam as concepções
“cognitivistas” da aprendizagem (a consciência fonológica, o treinamento na discriminação oral/escrito, a maneira de fixar as relações som-grafia por meio de ditados de palavras inventadas, etc). Outros insistem sobre a necessidade de apresentar os textos como “situações-problema” ou sobre o papel das “retomadas com variantes” que ajudam a construir esquemas textuais estáveis, sempre preservando uma certa “flexibilidade”. Tudo depende do campo de atuação do especialista
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