"Anjo Negro" adaptado por Anderson Alves
Primeiro Ato
( Entram os personagens do 1° ato, preenchendo os espaços, param e congelam)
Vanessa (doce) - Um menino tão forte e tão lindo!
Lorena (patética) - De repente morreu!
Vanessa (doce) - Moreninho, moreninho!
Joyce - Moreno, não. Não era moreno!
Lorena - Mulatinho disfarçado!
Anderson (polêmico) - Preto!
Vanessa (polêmica) - Moreno!
Anderson (polêmico) - Mulato! Meu Deus do Céu, tenho medo de preto! Tenho medo, tenho medo!
Lorena (enamorada) - Menino tão meigo, educado, triste!
Vanessa (encantada) - Sabia que ia morrer, chamou a morte!
Lorena ( na sua dor) - É o terceiro que morre. Aqui nenhum se cria!
Joyce ( num lamento) - Nenhum menino se cria !
Anderson - Três ja morreram. Com a mesma idade. Má vontade de Deus!
Joyce - Dos anjos, má vontade dos anjos!
Lorena - Ou é o ventre da mãe que não presta!
Anderson (acusador) - Mulher branca de útero negro!
Anderson ( num lamento) Deus gosta das crianças. Mata as criancinhas! Morrem tantos meninos!
Todos - Ave Maria cheia de graça... (perde-se a oração num murmúrio) Padre- Nosso que estais no Céu Santificado seja teu nome... ( perde-se o resto da oração)
Lorena (assustada) - E se afogou num tanque tão raso!
Vanessa - Ninguém viu!
Joyce - Ou quem sabe se foi suícidio?
Lorena (gritando) - Crianca não se mata! Criança não se mata!
Anderson (doce) - Mas seria tão bonito que um menino se matasse!
Anderson - O preto desejou a branca!
Lorena (gritando) - Oh! Deus mata todos os desejos!
Joyce ( num lamento) - A branca também desejou o preto!...
Joyce - Maldita!
Todos - Maldita seja a vida, maldito seja o amor!
Anderson ( num lamento) - A mãe nem beijou o filho morto!
Joyce - Só moças virgens deviam segurar nas alças.
Anderson - Não beijou o filho por que era preto!
Vanessa - Tão bonito uma virgem! lorena - É louro o irmão branco do marido preto.
Vanessa - E tem uns quadris tão ternos!
Joyce - Nunca a