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898 palavras
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Análise do Discurso Engana-se quem acredita que um texto é um objeto sempre pronto para ser inteiramente apreendido por alguém. Diferente de crença alimentada pelo senso comum, o leitor nunca é passivo. Mikhail Bakhtin, filósofo da linguagem, nos lembra que o sujeito-leitor aciona a todo instante a chamada atitude responsiva ativa. Corrige rumos, enfim, o leitor é um ser atuante. É possível tirar boas lições pedagógicas dessa perspectiva. Imaginemos um professor que acredita na unilateralidade da construção de sentidos de um texto. Nesse contexto, caso os alunos apresentem qualquer resistência de compreensão ao que está sendo dito, a culpa caberá unicamente á sua falta de interesse e ao seu despreparo, afinal, nada mais comum do que o professor ser muito categórico: “Eu fui muito claro que não disse!”. Ao Aluno não é dada a possibilidade de autonomia para pensar, refletir e construídos pelo professor são cristalizados como verdades absolutas. Imaginemos, agora, um livro didático cujas estratégias de abordagem se pautem em semelhantes princípios. Chega-se ao absurdo de propor perguntas cretinas como “Qual a mensagem do texto” ou, ainda “O que o autor quis dizer com isso ou aquilo”, como se uma mensagem fosse inerente ao texto ou como se fosse possível adivinhar o propósito de quem escreve. Tanto na primeira quanto na segunda hipótese, há, dentre outros, dois desdobramentos possíveis. Se, por outro lado, o professor, mesmo tendo grande liderança em cima de suas palavras e do livro didático, tenderá a fazê-los crer na relatividade das verdades, na busca do conhecimento. Existe a crença quase generalizada de que as palavras que compõem o universo linguístico de um idioma são transparentes. Assim, ao dirigir uma dada frase a alguém, esse mesmo falante acredita piamente que os significados dela retidos em sua mente serão exatamente os mesmos a serem captados pela outra pessoa. Pessoas falar: “Eu