Andador: perigoso e desnecessário
Departamento de Segurança da Sociedade Brasileira de Pediatria
No dia 7 de abril de 2007, o Governo do Canadá proibiu a comercialização de andadores para bebês em todo o país, determinando a total proibição de sua venda, revenda, propaganda e importação. Considerou também ilegal vender andadores em vendas de garagem, mercados de pulgas e no comércio ambulante. Recomendou ainda às pessoas que destruíssem e descartassem todos os andadores.
Tal fato reacendeu uma velha controvérsia entre pediatras e pais: o andador é, afinal, uma inocente fonte de prazer e liberdade para os bebês ou uma arma travestida de produto infantil por meio da qual infligimos traumatismos físicos às inocentes criaturinhas?
A verdade é que o andador continua a ser muito popular e, contra as recomendações usuais dos pediatras, é utilizado por cerca de 60 a 90% dos lactentes entre seis e quinze meses de idade. Os motivos alegados pelos pais para colocarem seus bebês em andadores incluem: eles dão mais segurança às crianças (evitando quedas), independência (pela maior mobilidade), promovem o desenvolvimento (auxiliando no treinamento da marcha), o exercício físico (também pela maior mobilidade), deixam os bebês extremamente faceiros e, sobretudo, mais fáceis de cuidar.
Entretanto, nos últimos tempos a literatura científica tem colocado por terra todas estas teses. A idéia de que o andador é seguro é a mais errada delas. Há poucos meses, uma pesquisadora sueca, Ingrid Emanuelson publicou uma análise dos casos de traumatismo craniano moderado em crianças menores de quatro anos, que considerou o andador o produto infantil mais perigoso, seguido por equipamentos de playground. De fato, ao longo de mais de trinta anos, as revistas médicas têm chamado a atenção para o grande risco do andador, que anualmente causa cerca de dez atendimentos nos serviços de emergência para cada mil crianças com menos de um ano de idade. Isto corresponde a pelo