Anatonia
Existem referências à hanseníase em livros muito antigos, escritos na Índia e na China, séculos antes de Cristo. Provavelmente foi o exército de Alexandre, o Grande, que disseminou a doença pelo continente europeu, quando regressou das campanhas da Ásia.
Na Bíblia, são descritos casos dessa doença infectocontagiosa que atacava principalmente a pele, os olhos e os nervos. As deformidades que provocava eram motivo para seus portadores serem excluídos do convívio social. Considerada castigo dos deuses, os doentes eram recolhidos em leprosários, onde ficavam até morrer. Ou, sem socorro nem tratamento, perambulavam pelas ruas com o rosto e o corpo cobertos por andrajos, pedindo esmolas com uma latinha amarrada na ponta de uma vara para esconder as mãos deformadas pela doença.
Ao longo dos tempos, a hanseníase foi uma moléstia estigmatizante. Na história da humanidade, poucas doenças foram cobertas por manto de ignorância tão espesso. O preconceito era tanto que o nome lepra (lepros em grego não quer dizer nada além do que manchas na pele), utilizado no passado, assustava as pessoas e as mantinha à distância dos pacientes.
Mais tarde, quando Hansen descobriu o bacilo que causava a doença, ela passou a ser conhecida como hanseníase, uma doença como tantas outras provocadas por bactérias e que, graças ao avanço da ciência, hoje tem cura.
Desenvolvimento
A Mycobacterium leprae responsável pela hanseníase foi descrita por Hansen (nome do cientista que deu origem à palavra hanseníase), em 1873. Essa bactéria tem importância histórica porque foi a primeira a ser reconhecida como causadora de uma doença.
A hanseníase é basicamente uma doença cutânea, mas que pode afetar também os olhos, os nervos periféricos e, eventualmente, outros órgãos. Embora se pudesse imaginar que a bactéria penetrasse através da pele, o provável é que a transmissão se dê pela secreção e pelo ar que saem das vias aéreas superiores e por gotículas de saliva.