ANATOMIA DE UM CRIME
Paul Biegler é um advogado que, após se dedicar por mais de dez anos à promotoria, vive de pequenas causas e se refugia na pesca e no jazz em uma cidade do interior.
Voltando de uma das pescas ,o advogado é procurado por Laura Manion para defender seu marido, Frederick Manion, ex-combatente na guerra da Coréia, Tenente preso pelo assassinato de Barney Quill, dono do bar da pequena cidade.
A história é simples, Frederick Manion matou Barney Quill porque este teria violentado sua mulher, a fim de lavar sua honrra com sangue como se era comum na época. Como não há provas do estupro, a promotoria defende a tese de que Laura era amante de Barney Quill. O homicídio teria sido premeditado e executado a sangue-frio.
O advogado enfrenta um cliente arrogante, soldado condecorado por atos de bravura, marido possessivo, violento e ciumento. Sua mulher, muito sedutora, provocativa, sem pudor algum. O estereótipo do casal – marido ciumento/mulher insinuante – complica a defesa, mas não é obstáculo para a tese de Paul Biegler.
Pouco importam as provas e os motivos do crime. Não são estes os argumentos do filme. “Anatomia de um Crime” se propõe, sobretudo, a discutir o crime pelo aspecto legal. E é por tratar de questões jurídicas controvertidas, táticas de inquirição de testemunhas e técnicas de argumentação.
Algumas discussões importantes sobre o sistema de precedentes do direito norte-americano e sobre o comportamento ético do advogado não cabem no processo penal brasileiro – o sistema americano, apesar da cláusula constitucional que não admite a ‘’self-incrimination’’, não tolera, sob pena de perjúrio, que o acusado possa mentir e que seu advogado o induza a faltar com a verdade no interrogatório -, mas nem por isso o jogo de cena perante o júri deixa de ser similar.
A defesa, estritamente jurídica, se destaca pela precisão. Enquanto o promotor procura destruir a imagem e a respeitabilidade da mulher, o advogado não se esforça em procurar a imagem