Anarcofunk e as Ações Diretas Estético-Políticas

Universidade Federal Fluminense

Anarcofunk e as Ações Diretas Estético-Políticas
Analisando os procedimentos do Coletivo Autonomista Carioca Anarcofunk e relacionando com os textos de livre-pensadores como Hakim Bey e de filósofos contemporâneos como Félix Guattari, percebe-se que tais ações se ligam aos conceitos desses teóricos. Conforme conversamos em sala de aula, assim como os princípios dos Black Blocks, não se sabe o quanto de interferência direta desses conceitos é aplicada de forma consciente ou se de fato é aplicada em algum nível. No entanto, ação e teoria se relacionam e podem ser identificados e relacionados.
Através de oficinas, performances e música, o Coletivo se dá em áreas urbanas do Rio de Janeiro (com maior ênfase em áreas marginalizadas) através de eventos de redes sociais, em especial o Facebook. Assim como conceito de Levante proposto por Hakim Bey, esses eventos são como chamados - teoria anarquista de Revolução – mas não se propõe uma tomada de poder, apenas uma realização experimental de materialização de uma TAZ (Zona Autônoma Temporária), onde esse movimento de possível descontrole de estruturas padrões do Estado e do status quo se dá. Segundo Hakim Bey, a “internet também possui um aspecto horizontal e não-hierárquico”, ou seja, embora saibamos que o Estado e as corporações já possuam o controle sobre o tráfego de dados, ainda é na Web que se dá a maior possibilidade de anonimato e alcance geral para os chamados do Coletivo. E apesar dos chamados serem feitos dentro de um padrão aceito dentro da web (“estrutura aberta, alternada e horizontal de troca de informações”) e das normas impostas pelas redes sociais, passando por filtros e análises de conteúdo expostos ali, ainda pode-se ligar ao conceito de contra-net (“uso clandestino, ilegal e rebelde da web, incluindo a pirataria de dados e outras formas de parasitar a própria net”), uma vez que o Coletivo transita nesses chamados de forma anônima para a grande maioria da população.