Analista
Por Roddy Roediger
Presidente da American Psychological Society
O ano de 2004 marca o centenário do nascimento de B. F. Skinner. Penso que a maioria dos membros da American Psychological Society - APS (e mesmo uma menor proporção de todos os psicólogos) não irá dar muita atenção a este fato. Afinal, o behaviorismo não saiu de cena? Não vivemos nós na idade da revolução cognitiva, que ainda mantém o seu ímpeto e domina a maioria das subáreas da psicologia? Não é verdade que o campo da psicologia do aprendizado animal, o terreno de nascença do behaviorismo, pertence à década de 1950, à mesma época da televisão Preto & Branco, de três canais de televisão, de antenas nas casas? Muitos leitores da APS irão provavelmente responder sim para todas estas três questões. Se esta for resposta correta – e como vocês verão, eu não penso necessariamente assim – podemos então perguntar o que aconteceu.
Vamos voltar a cem anos atrás, quando a psicologia era uma nova área de conhecimento. Os primeiros laboratórios datam de 1879, ou próximo desta data (abstenhamo-nos de reabrir esta controvérsia) e, em 1904, ano do nascimento de Skinner, a psicologia lutava para emergir como uma ciência. Entretanto, os métodos eram variados e os artigos nas revistas especializadas daquela época freqüentemente detinham-se longamente na observação e na especulação. Experimentações cuidadosas eram raras, senão de todo ausentes. Alguns artigos até mesmo bordejavam confusas tolices. Em Saint Louis, lugar de onde estou escrevendo, havia em 1904 uma famosa Feira Mundial e uma assembléia de muitos dos sábios daqueles tempos, incluindo psicólogos, reuniu-se com o propósito de proferir uma série de palestras sobre o estado-da-arte dos seus campos de estudos e, é claro, apresentá-los sob a luz mais favorável possível. Um exame das suas conferências, registros das quais foram preservados para a posteridade, permitem uma sinopse do estado-da-arte há 100 anos