analise
Mulheres Intelectuais na Idade Média:
Hildegarda de Bingen –
Entre a Medicina, a Filosofia e a Mística
Marcos Roberto Nunes Costa1
RESUMO: É corrente se afirmar que antes da Modernidade não há registro de mulheres na construção do pensamento erudito. Que, se tomarmos, por exemplo, a Filosofia e a Teologia, que foram as duas áreas do conhecimento que mais produziram intelectuais, durante a Idade Média, não encontraremos aí a presença de mulheres. Entretanto, apesar de todas as evidências, se vasculharmos a construção do Pensamento Ocidental, veremos que é possível identificar a presença de algumas mulheres já nos tempos remotos, na Antiguidade Clássica e na Patrística (ou Alta Idade Média). Mas é na Escolástica
(Baixa Idade Média) que encontramos as primeiras Pensadoras, responsáveis por um sistema autônomo, distinguindo-se como fecundas escritoras, donas de obras tão profundas e importantes quanto as produzidas pelos homens de seu tempo, com os quais muitas vezes dialogaram em pé de igualdade. Dentro desse maravilhoso universo feminino de intelectuais, destacamos, na Escolástica, a figura de Hildegarda de Bingen (1098-1165), da qual trataremos um pouco neste artigo.
PALAVRAS-CHAVE: Medicina. Filosofia. Mística. Idade Média. Mulheres Intelectuais.
1 Vida e obras
Segundo Joseph-Ignasi Saranyana, Hildegarda de Bingen (em alemão
Hidelgard von Bingen), última filha do casal de nobres Hildebert e Mechtild, nasceu em 1098, em Bermersheim – sede dos barões de Sponheim – próximo de Alzey, na Francônia-Renânia, região do Rio Reno (Cf. SARANYANA,
1999, p. 153, nota 41). Com oito anos de idade, Hildegarda foi confiada à abadessa e ex-condessa Jutta (Judite), filha do Conde Stephen de Sponheim, no mosteiro das beneditinas de Disibodenberg, que foi sua tutora, preceptora ou mestra (magistra).
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Professor/coordenador da Graduação em Filosofia da UFPE. Professor do Programa de Pós-Graduação
(Mestrado e