Analise-suspeita
O cinema é entre muitas outras coisas um meio de entretenimento capaz de gerar no espectador sensações e consequentemente emoções. Contudo há que ter em conta que as emoções que experimentamos enquanto assistimos a um filme não são idênticas ás que sentimos no mundo real. Se é verdade que choramos quando vemos na tela o Titanic afundar, é igualmente verdade que ninguém se levanta da cadeira de cinema para avisar a guarda costeira de que um barco algures no Atlântico está em apuros! Isto acontece porque o espectador tem a capacidade de distinguir o mundo real do mundo ficcional, ou seja compreende que está a ser contada uma história, contudo essa narrativa pode desencadear em nós uma acção fisiológica semelhante àquela que seria experimentada no mundo real conduzindo-nos assim a sentir, por exemplo, medo mas não pânico. É então necessário que se estabeleça um “equilíbrio delicado entre a crença e a descrença, entre activação a mais ou a menos. Por um lado, tem que haver um certo sentido de “estar dentro de”, ou a experiência será fria e desapaixonada (…) Por outro lado, activação a mais também destrói o objecto estético, pois o sentimento do “como se” será completamente perdido.” 1 O musical da Floribela, embora uma peça teatral, reflecte bem as consequências deste desequilíbrio. Enquanto as crianças se esforçam para contar à personagem de Frederico que a sua noiva é uma impostora, levantando-se das cadeiras, gritando e fazendo expressões faciais de indignação, os adultos permanecem calados, pois compreendem estar perante uma ficção. Estes são os dois pólos extremos, o da crença absoluta (por parte das crianças) e o da descrença absoluta (por parte dos adultos). No entanto para que o espectador desfrute da experiência cinematográfica é necessário encontrar o equilíbrio situado entre estes dois extremos, será esse equilíbrio responsável por um maior ou menor envolvimento do espectador, despertando ou não, sensações que desencadeiam emoções mais ou menos