Analise Olga
O filme evidencia a inversão de valores e a distorção de direitos que não era, à época, apenas uma realidade europeia, mas sim havia se extirpado por todo cenário mundial.
Foi neste contexto que a mãe de Luís Carlos Prestes, a Dona Leocádia, muito bem retrata que ela também foi vítima do nazismo, apesar de jamais ter sido judia, tampouco alemã. Isso ocorre porque seus direitos como mãe, avó e cidadã brasileira foram exterminados com a prisão de seu filho e de sua nora e com o posterior nascimento de sua neta em um campo de concentração alemão.
O Governo brasileiro justificava seus atos sob o pretexto de que o Direito pátrio não reconhecia como legítima a relação amorosa vivida por Olga e Prestes, já que eles jamais foram casados perante a lei.
Daí surgiu outro eloquente questionamento: o que de fato é o casamento? Hoje no Brasil o Direito continua não reconhecendo algumas formas de casamento, como por exemplo, entre homossexuais. Com isso, nega-se o direito mais fundamental do ser humano: o direito de amar.
Quantas atrocidades continuam sendo cometidas porque este Direito limitado e cego prefere as convenções ao amor, a letra da lei à realidade cotidiana, o cumprimento da ordem jurisdicia respeito ao ser humano.
Olga, Prestes, Dona Leocádia e Anita, filha do casal, foram vítimas sim do nazismo e da ditadura brasileira, mas, sobretudo, foram vítimas da Lei, que impiedosa e desumana se impôs e separou uma família, causou dor e sofrimento e colocou fim a tudo que poderia ter sido e jamais se concretizou, ficando apenas nas cartas de amor trocadas pelo casal Luís Carlos e Olga.
No filme Olga revela toda sua indignação ao aduzir que “só os seres humanos são capazes de destruir assim uma família”.
Há que se observar que, pelos atos de Vargas e do próprio STJ, uma criança foi privada de crescer ao lado de seu pai e de sua mãe. Ela ficou órfã pela vaidade de um governante e pelo ceticismo da Lei e do Tribunal brasileiros.
Não fosse pelos esforços da avó