Analise do poema "Profundamente"

1173 palavras 5 páginas
Apresentação do poema “Profundamente”- Manuel Bandeira, extraído do livro Libertinagem, 1930.
Quando ontem adormeci
Na noite de São João
Havia alegria e rumor
Estrondos de bombas luzes de Bengala
Vozes, cantigas e risos
Ao pé das fogueiras acesas.

No meio da noite despertei
Não ouvi mais vozes nem risos
Apenas balões
Passavam, errantes
Silenciosamente
Apenas de vez em quando
O ruído de um bonde
Cortava o silêncio
Como um túnel.
Onde estavam os que há pouco
Dançavam
Cantavam
E riam
Ao pé das fogueiras acesas?

— Estavam todos dormindo
Estavam todos deitados
Dormindo
Profundamente.
*
Quando eu tinha seis anos
Não pude ver o fim da festa de São João
Porque adormeci.

Hoje não ouço mais as vozes daquele tempo
Minha avó
Meu avô
Totônio Rodrigues
Tomásia
Rosa
Onde estão todos eles?

— Estão todos dormindo
Estão todos deitados
Dormindo
Profundamente.

O poema possuí seis estrofes e trinta e oito versos que são feitos em métrica livre, sem esquema de rimas.
Na primeira estrofe a sibilação da ideia de representação dos estrondos de bombas de luzes de Bengala e também o som da fogueira ao queimar a madeira, artifícios presentes na festa do dia de São João, sibilação que marca toda a representação dessa festividade.
Quando ontem adormeci
Na noite de São João
Havia alegria e rumor
Estrondos de bombas luzes de Bengala
Vozes, cantigas e risos
Ao pé das fogueiras acesas.
A sibilação transpõe sua ideia inicial ao decorrer do poema que na segunda estrofe remete ao silêncio, explicito pelo quarto verso:
No meio da noite despertei
Não ouvi mais vozes nem risos
Apenas balões
Passavam, errantes
Silenciosamente
Na mesma estrofe há uma comparação entre o ruído de um bonde e um túnel, o som produzido pelo um bonde andando e dá corrente de ar produzida pelo túnel “shhhh”. O cortar do silêncio como um túnel dá ideia de passagem de tempo no decorrer do poema principalmente pela quarta estrofe onde há indícios de um tempo

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