analise do poema inferno de amar
Este inferno de amar
Este inferno de amar – como eu amo!
Quem mo pôs aqui n’alma... quem foi?
Esta chama que alenta e consome,
Que é a vida – e que a vida destrói –
Como é que se veio a atear,
Quando – ai quando se há de apagar?
Eu não sei, não me lembra: o passado,
A outra vida que dantes vivi
Era um sonho talvez... – foi um sonho -
Em que paz tão serena a dormi!
Oh! Que, doce era aquele sonhar...
Quem me veio, ai de mim! Despertar?
Só me lembra que um dia formoso
Eu passei... dava o Sol tanta luz!
E os meus olhos, que vagos giravam,
Em seus olhos ardentes os pus.
Que fez ela? Eu que fiz? – Não no sei;
Mas nessa hora a viver comecei...
Almeida Garrett
O poema exprime a confusão dos sentimentos do amante, onde podemos perceber com as figuras de pensamento, antítese, paradoxo, o jogo de oposições e também no próprio título.
O título “Este inferno de amar” traz uma ideia contrária daquilo que temos por amor, porque temos a convicção que o amor, na maioria das vezes, nos dá a sensação de prazer, encanto, bem-estar, felicidade, o oposto do que o “eu-lírico” afirma, pois para o “eu-lírico”, amar é um inferno.
“Esta chama que alenta e consome,
Que é a vida – e que a vida destrói –“
Aqui temos um paradoxo, ou seja, ideias contrárias, pois o fogo consome e não alimenta – vida não destrói.
“Como é que se veio a atear,
Quando – ai quando se há de apagar?”
Nesses versos temos a antítese,a qual consiste na aproximação de palavras que se opõem pelo sentido.
“A outra vida que dantes vivi
Era um sonho talvez... – foi um sonho –“
Nesse fragmento temos uma característica do Romantismo – Saudosismo, sonho e fulga da realidade, nesse fragmento o “eu-lírico” evoca o tempo em que o amor era apenas um sonho. O sonhar era doce, a felicidade, enquanto a realidade é o sofrimento, o inferno.
“Em seus olhos ardentes os