Analise do conto a igreja do Diabo
Machado de Assis é considerado o maior romancista da literatura brasileira. Escreveu romances, crônicas, peças de teatro, poesias e contos. Vai-se a seguir analisar o conto A Igreja do Diabo que integra o livro Histórias sem data (1884). O conto é baseado num velho escrito beneditino que conta que numa certa vez, querendo concorrer com Deus, o diabo teve a idéia de fundar uma igreja. Sua igreja teve êxito, pois muitos humanos aderiram. A soberba, a luxuria, a preguiça, a avareza, a ira, etc., agora eram as “virtudes” vigentes.
Porém, conforme o tempo foi passando, o diabo depara-se com eterna contradição humana: ser bom e mau ao mesmo tempo, uma hora crer outra descrer, o ser humano é corruptível. Fica desnorteado, afinal, como pode o homem após ter liberdade para fazer tudo que antes era tido como “pecado”, voltar a exercer as boas virtudes. Não entendia como o ser humano pode agir assim. Daí resolve procurar Deus, Este lhe diz o seguinte: “− Que queres, tu, meu pobre Diabo? As capas de algodão têm agora franjas de seda, como as de veludo tiveram franjas de algodão. Que queres tu? É a eterna contradição humana." (p.19) esse é o mistério da eterna contradição humana, o livre arbítrio que nem Deus pôde explicar ao diabo. Isso talvez se justifique pelo fato de que segundo as Escrituras Sagradas, o arrependimento dos pecados garante a salvação. É da essência do homem viver em conflito religioso.
No texto, percebe-se grande racionalidade, característica própria do realismo. Machado em tom humorístico aborda um tema delicado, que sem sua genialidade na narrativa podia soar de modo agressivo. Faz com que o leitor não se choque com a temática do conto que é o diabo x Deus. Seu objetivo é ensinar, fazer o leitor refletir sobre a dualidade certo/errado, pois o que é dado como errado num certo momento pode ser que em outro não seja mais.
O realismo cômico-fantástico do conto é justamente a intimidade do diabo com os homens, pois conversar com eles,