Analise de bocage
"Oh retrato da morte, oh noite amiga"
Oh retrato da morte, oh noite amiga
Por cuja escuridão suspiro há tanto!
Calada testemunha de meu pranto,
De meus desgostos secretária antiga!
Pois manda Amor, que a ti somente os diga,
Dá-lhes pio agasalho no teu manto;
Ouve-os, como costumas, ouve, enquanto
Dorme a cruel, que a delirar me obriga:
E vós, oh cortesãos da escuridade,
Fantasmas vagos, mochos piadores,
Inimigos, como eu, da claridade!
Em bandos acudi aos meus clamores;
Quero a vossa medonha sociedade,
Quero fartar meu coração de horrores.
........O poema em análise, um soneto de Bocage, pertence ao Arcadismo só porque é de um autor árcade, mas apresenta características bem diferentes das dessa escola, pois fala da atração pela morte, da noite, do pranto do poeta, dos seres do além, etc. O poema retrata ainda o estado de espírito do eu-lírico, que é horrendo e pavoroso. E essas características todas não pertencem ao Arcadismo, mas ao Romantismo, que veio depois, o que faz com que Bocage seja, por isso, considerado um poeta árcade pré-romântico.
"Olha, Marília, as flautas dos pastores"
Olha, Marília, as flautas dos pastores,
Quem que soam, como estão cadentes!
Olha o Tejo a sorrir-se! Olha, não sentes
Os Zéfiros brincar por entre as flores?
Vê como ali beijando-se os Amores
Incitam nossos ósculos ardentes!
Ei-las de planta em planta as inocentes,
As vagas borboletas de mil cores.
Naquele arbusto o rouxinol suspira,
Ora nas folhas a abelhinha para,
Ora nos ares sussurrando gira:
Que alegre campo! Que manhã tão clara!
Mas ah! Tudo o que vês, se eu te não vira,
Mais tristeza que a morte me causara.
........Este soneto de Bocage é um poema lírico e coloca seu autor na posição de árcade e neoclássico ao mesmo tempo.
........É um poema lírico que explora o tema do amor, por isso podemos