Analise Critica do Livro de Mia Couto
Análise Crítica do Livro
Um rio chamado tempo, uma casa chamada terra de Mia Couto
Alberto Gomes da Silva
Rio de Janeiro
2012
O livro de Mia Couto retrata um típico recinto africano do século XX. Marcado pelo cenário quente e árido que toma lugar abaixo do Saara, Luar-do-Chão é uma ilha que concentra muitas das características que se “esperam“de África.
A razão de utilizar o verbo esperar entre aspas no parágrafo acima vem indicar que Luar-do-Chão, por ser uma ilha, carrega consigo um conjunto de significados muito grande. Quando se tem expectativas com relação a algo, essas expectativas são oriundas de diferentes circunstâncias. Uma ilha, por exemplo, se encontra afastada do continente e é separada por um rio de águas correntes, o Madzimi, o qual é uma fronteira natural para todos quantos desejam acessá-la. Dessa forma, a definição de estrangeiro em Luar-do-Chão vai além daquela tradicional que envolve Estados diferentes; para ser estrangeiro em Luar-do-chão, basta não ser de lá; ou, deixá-la e um dia retornar. A presença de um médico indiano e um padre português se encaixam na caracterização do que é o estrangeiro e como ele é visto. Ao mesmo tempo, o retorno do jovem universitário que é natural da ilha revela o quão estrangeiro ele se tornou simplesmente por sua ausência durante tanto tempo. O exemplo mais contundente, contudo, repousa sobre Ultímio, aquele que, também sendo da ilha, passou por um processo de embranquecimento.
Por ser África, subsaariana especificamente, “espera-se” ver o preto, o negro: a cor, a raça. O livro também traz à tona a dicotomia existente entre esses vocábulos. Por não trazer a discussão aos moldes como se fala hoje – em que racismo e preconceito resumem a pauta - ele nos faz refletir acerca do quão branco ou preto alguém pode ser baseado em pressupostos que são/foram construídos socio-culturalmente ao longo da história.
A leitura do livro de Mia