Analise critica da veracidade dos relatos em Cabeza de Vaca
Relatos testemunhais esbarram em questões problemáticas, como os interesses daquele que os contam, os acontecimentos contados pelos viventes podem ser alterados a fim de embasar as histórias que eles, como agentes direto, desejam que sejam contadas e acreditadas. Proponho-me nesse estudo a analisar essa questão muito debatida na historiografia: se há ou não fidedignidade nos relatos das testemunhas oculares e o caráter de memórias que possuem os seus narrativas, essa analise tem como fonte a obra
“Naufrágios”, de Álvar Núñez Cabeza de Vaca. A questão que deve ser avaliada e respondida, é ate que ponto as hipérboles em sua narrativa invalidam,ou não, toda a sua narração? O que realmente é exato, e o que somente não é usado como artifício para engrandecer seus feitos?
Aceitando que o livro mais antigo que temos registro é da autoria de Heródoto datado de aproximadamente 443 a.C1, podemos concluir que a história tem seu inicio na reprodução de relatos orais de testemunhas oculares. Os relatos orais feitos por testemunhas “geralmente são as únicas a fornecer um enquadramento cronológico, razoavelmente seguido.” 2. Porém esse caráter de uma história memória é criticado pela historiografia. Essa critica diferentemente do que se possa concluir não é algo recente, já no século XVI, podemos observar ressalvas a esse tipo de construção de uma história produzida de forma acrítica a partir desses relatos. Entre aqueles que fazem essa critica já na modernidade, podemos destacar Montaigne, que faz uma critica a absorção direta e inquestionável dos “etnotextos”3. Para ele deve-se enfatizar a importância do uso da razão ao se estudar esse tipo de fonte histórica. E entre esses relatos não há como não destacar os relatos acerca das conquistas na América. Não se trata em Montaigne de uma critica à Cabeza de Vaca, mas aos conquistadores europeus em geral.
Entre muitos dos conquistadores que vieram