ana e mia
Aqui jaz Mariane. Nunca pensei que entrar nesse sacrifio do corpo perfeito iria me trazer ao óbito. Aos 17 anos eu nao precisava de muitas amigas, só precisava da minha turminha: Ana e Mia, que me apoiava e protegia contra tudo e todos. Minha mae, diariamente, dizia que eu estava falando sozinha, que este era meu consciente e eu nao conseguia acreditar, mas hoje, dentro desta ataúde, eu enxergo.
A solidão me fez encontrar primeiramente, Ana, que me apoiava a ficar horas e horas sem comer para conseguir emagrecer, dizendo que eu ficaria gorda e ninguem gostaria de mim, fazendo com que eu entrasse na linha e fosse fazer exercicio físico para perder o que havia ingerido. Nao achava o suficiente, até conhecer Mia, que me ensinou a colocar tudo que eu havia comido para fora.
Nosso grupo era meu refugio, me dava forças para continuar vomitando e perdendo peso, elas me vangloriavam, mas na hora que eu realmente precisei, Ana e Mia não eram as mesmas. A Ana, anorexia, e a Mia, bulimia, eram minhas maiores inimigas. Fui internada com 35 kg para tomar soro e comer por sonda. Meu estômago estava repleto de úlceras, estava desidratada, anemica, com insuficiência renal e meus musculos haviam atrofiado. Tive parada cardíaca e tudo que eu mais queria era ser aquela menina que não tinha o corpo perfeito.
Lembro-me claramente do sacrífio para conseguir vomitar, o quao horrivel era. As lágrimas escorriam pelo meu rosto, e os segundos pareciam horas. Não era o que eu queria, mas Ana e Mia faziam aquilo ser essencial. A hipocrisia destraçalha o homem. Ana e Mia me destruiram e hoje, aqui jaz Mariane.