América
INTRODUÇÃO Entre os fatos novos que me chamaram a atenção, durante a minha estada nos Estados Unidos, o que mais me impressionou foi a igualdade de condições. Descobri sem dificuldade a influência prodigiosa que ela exerce sobre a evolução da sociedade; ela dá à opinião pública uma direção definida, uma tendência certa às leis, máximas novas aos governantes e hábitos peculiares aos governados. Logo percebi que esse mesmo fato estende a sua influência além dos costumes políticos e das leis, e que domina tanto a sociedade civil como o governo; cria opiniões, faz nascer sentimentos, sugere práticas e modifica tudo aquilo que ele mesmo não produz. Assim, à medida que estudava a sociedade americana, via cada vez mais na igualdade de condições o fato essencial, do qual parecia se originar cada fato particular, e o encontrava constantemente diante de mim, como um ponto de convergência para todas as minhas observações. Parece-me fora de dúvida que cedo ou tarde chegaremos, como os americanos, à igualdade quase completa das condições. Com isso não quero de modo algum afirmar que devamos um dia necessariamente extrair, de um estado social semelhante, as mesmas conseqüências políticas que os americanos extraíram. Estou muito longe de dizer que os americanos tenham encontrado a única forma de governo democrático; mas é suficiente que nos dois países a causa geradora das leis e dos costumes seja a mesma, para que tenhamos um interesse imenso em saber o que ela produziu em cada um deles. Não foi unicamente para satisfazer uma curiosidade que estudei a América; busquei aí ensinamentos que pudéssemos aproveitar. Estariam enganados os que pensassem que eu quis fazer um panegírico. Também não propus uma forma geral de governo, porque não creio que haja alguma humanidade absoluta nas leis. Sequer pretendi julgar se a revolução social, cuja marcha parece irresistível, era vantajosa ou funesta para a humanidade. Admiti