amor e odio
CRÍTICA
Amor e ódio em Sonata
Espetáculo trabalha na contensão e tem emoção na medida certa A conturbada vida social, política e conjugal do escritor russo Leon Tolstói é o fio condutor do espetáculo que coloca em cena a rivalidade entre sua mulher, Sônia e sua filha Sasha. A inspiração do texto partiu da obra “A Sonata a Kreutzer”, depois “Amor e Ódio” da editora Paz e Terra, e os diários oficiais da família ajudaram na construção da narrativa. O texto que tem fortes traços do épico traz poucas inserções de diálogos e o elenco trabalha em profunda contensão. A impressão que causa é que a qualquer momento uma das personagens terá um grande ataque de nervos. O resultado de dois anos de trabalho são duas atrizes com personagens criados e amarrados na medida. Desconhecidas do grande público Amandha e Juliana Weinem emocionam a todos com a força dessas mulheres. Assinando a concepção, o texto e a direção Leonardo Talarico merece destaque. Apesar de utilizar pouco de movimentação cênica, aproveita bem o espaço e o trabalha como proposta. Os silêncios, o tempo e a trilha. Tudo está a favor de Talarico. É de fato um espetáculo de texto e de história. É possível ouvir Sônia e Sasha como convidados da casa ou do escritório. O desabafar dos amores e lamentos é compartilhado com o público, que de alguma forma passa a fazer parte como testemunha das relações. A cenografia e o figurino de Marcelo Marques dão o tom do passado. Dividido em dois ambientes, a casa e o escritório de Tolstói, tudo é usual e colabora com o texto e as personagens. Os vestidos de época remetem a uma pesquisa de concepção e de arte de encher os olhos e os objetos cênicos atraem olhares e delicadezas. A iluminação é assinada por Leysa Vidal e valoriza cada cena. O projeto tem um trabalho incrível com sombras e brinca com o claro e o escuro. É possível entrar ainda mais no universo de Tolstói. A