AMOR NO OCIDENTE
Pequena história de amor conjugal no Ocidente Moderno
O esforço da Igreja para casar os seus fiéis vem de longa data. O Concílio de Latrão, reunido em 1215 pelo papa Inocêncio III, elaborou a legislação do matrimônio, alçado à sacramento em 1439, num outro Concílio, o de
Florença. Desde o século VIII a instituição se bateu em favor da monogamia.
Sim, pois os reis francos eram polígamos e a poligamia, meio de exibir riqueza, poder e alianças políticas. Clotário, por exemplo, teve seis esposas! Um exagero que interferia tanto em questões dinásticas, quanto enfraquecia a noção mesma de casamento. A reforma gregoriana no século XI definiu, portanto, que clérigos devem respeitar o celibato e os casados, a monogamia.
Uns e outros nunca foram totalmente fiéis às exigências da Igreja. Concubinas e amantes, como sabemos, resistiram. Mas a poligamia desapareceu.
Tais decisões atingiram, de um modo ou de outro, as normas comunitárias que, de alto a baixo da escala social, regulavam as uniões conjugais no
Ocidente cristão. Variando regionalmente, segundo tradições e culturas dos povos europeus, os ritos matrimoniais espelhavam sempre uma aliança que atendia, antes de tudo, a interesses ligados à transmissão do patrimônio, a distribuição de poder, a conservação de linhagens e ao reforço de solidariedades de grupos. Simplificando, diríamos que eles mais eram associação entre duas famílias – diferentemente de hoje, que é associação entre duas pessoas
– para resolver dificuldades econômicas e sociais, sem padre nem altar.
Mais importante do que as uniões abençoadas eram as “promessas de casamento” feitas pelo homem à família da noiva – os chamados esponsais ou desponsórios. Comemorados com grandes festas e troca de presentes, eles autorizavam aos olhos da comunidade a coabitação dos futuros cônjuges. A intervenção eclesiástica nesse processo tornou-se crescente a partir do século
XIII, mas se