Amor em Aristóteles
Ana Clara Naciff
Resumo
Este trabalho tem por objetivo discorrer sobre o tema amor, segundo a perspectiva do filósofo grego Aristóteles, que dentro de seus estudos a respeito da ética o denomina como ϕιλια (philia), também traduzido no Ocidente por "amizade". Este tema é abordado pelo filósofo especialmente nos livros VIII e IX do Ética a Nicômaco1, no qual Aristóteles torna evidente que ϕιλια tem um forte significado na cultura grega, pois além de abranger os variados tipos de relacionamento na sociedade ela fundamentava e harmonizava a convivência humana em vista do bem comum. O texto trata ainda sobre as três formas de amizade, segundo Aristóteles: pelo útil, prazer e bem; e por último serão abordamos algumas peculiaridades referentes à philia.
Palavras-chave: amor, Aristóteles, philia e amizade.
Introdução
É incontestável que o amor desde os primórdios ocupa um cargo de grande importância em diversas culturas, não é em vão que ele sempre foi tratado como tema central de inúmeros filmes, músicas, novelas - seja abordado de forma humorística ou a sério. O amor em sua essência tem, desde o tempo dos gregos antigos, servido como base de estudo para a filosofia, gerando teorias que vão desde a concepção materialista do
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Ética a Nicômaco, escrito por volta de 350a.C. (em grego: Ἠθικὰ Νικομάχεια transl. Ēthicà Nicomácheia; em latim: Ethica Nicomachea) é a principal obra de Aristóteles sobre Ética.
amor como um acontecimento excepcionalmente físico - um desejo animal ou genético que regula nosso comportamento - à teorias do amor como uma questão excessivamente espiritual, que em seu mais alto ponto nos permite tocar a divindade.
A embate filosófico sobre o amor inicia obviamente com questões relativas a sua natureza. Isto nos leva ao fato do amor ter uma "natureza", sentença essa de que alguns podem contestar alegando que o amor é essencialmente irracional, sendo assim não pode ser descrito em proposições racionais ou