Amizade

Frequentar os mesmos lugares. Conhecer as mesmas pessoas. Desfrutar os mesmos interesses. Apesar de frases como essas serem comumente utilizadas para remeter ao relacionamento entre amigos, a amizade não se resume a isso. Caso o fosse, teria-se, no mínimo, milhares de amigos; o que não acontece. Os verdadeiros amigos, normalmente, podem ser contados nos dedos das mãos, ou melhor, de uma mão.

Essa relação vai muito além de coincidências, se é que podem ser assim chamadas. Afinal, é de se esperar que duas pessoas de idades próximas e mesma classe social tenham hábitos semelhantes, principalmente, se habitarem locais próximos. Essa semelhança pode ser, na verdade, um ponto de partida para fazermos tais amigos, com quem compartilhamos total fidelidade e sinceridade. O convívio é que os selecionará no meio dessa multidão e apurará nossas relações. É por meio da rotina e de seus percalços que construímos vínculos de confiança e de reciprocidade, de companheirismo; superando a impressão inicial de identificação; Desse modo, nasce um amigo.

Hodiernamente, o mundo está muito diferente de o que já foi; ele é incrivelmente mais globalizado. E isso certamente gera desdobramentos em sua sociedade. Embora seja estupenda a possibilidade de tamanho intercâmbio cultural, ela é predominantemente mal aproveitada. A mídia outorga parâmetros considerados ideais e que devem ser seguidos, massificando-nos. Isso estimula o medo de se expor e de não atender àquilo que foi estipulado. Lamentavelmente, caminhamos rumo a um mundo de aparências - um mundo de sombras.

Inseguros e dependentes da opinião e da aprovação alheia, ficamos inibidos a travar relações honestas, com receio de não agradarmos e nos enquadramos no grupo - sempre temerosos de derrubarmos nossas máscaras. Assim, evitamos um requisito fundamental para se construir a amizade, os eventuais embates do cotidiano. Estes são essenciais para conhecermos melhor e lapidarmos nossos laços e a nós mesmos. Dessa maneira,