aminoglicosídeos e sulfas
I - Aminoglicosídeos
Introdução
Esta classe de antibióticos engloba compostos naturais e semi-sintéticos cuja estrutura química consiste essencialmente de um núcleo central de hexose (anel aminociclitol) ligado, por ponte glicosídica, a pelo menos dois aminoaçúcares. São de obtenção semi-sintética: um derivado da estreptomicina (dehidroestreptomicina), amicacina e a netilmicina.
Os demais são compostos de origem natural. Os aminoglicosídeos possuem, primariamente ação bactericida, descrevendo-se também, em todos os antibióticos desta classe, especialmente com a estreptomicina, ação bacteriostática.
A atividade antibacteriana dos aminoglicosídeos é processo complexo, aceitando-se que sua ligação ao ribossoma resulta em redução da síntese protéica e interferência na leitura do código genético, com indução de erros de translação. Esta é explicação ainda incompleta sobre o exato mecanismo de atuação dos aminoglicosídeos, podendo a morte bacteriana advir de múltiplos fatores.
A atividade dos aminoglicosídeos inicia-se em interação iônica com a superfície da célula bacteriana, seguida de captação bifásica, dependente de energia, com posterior ligação ao ribossoma. Os aminoglicosídeos possuem carga elétrica positiva, sendo transportados para o interior da célula bacteriana, que tem carga elétrica negativa, por mecanismo passivo associado à diferença de potencial entre as duas faces da membrana celular. Após ultrapassada esta barreira inicial, através de captação ativa incorporam-se de forma irreversível ao citoplasma bacteriano, o que resulta em concentrações intracelulares muito superiores às externas.
Condições de anaerobiose e de redução de pH diminuem a atuação dos aminoglicosídeos por ser, a captação ativa, dependente de O2 e de energia (ATP). Embora incerta a relevância clínica destes fatores, justificaria a menor ação dos aminoglicosídeos em ambientes com baixa concentração de oxigênio, como os abscessos.