Aministração familiar
Os dramas humanos são universais e se manifestam de diversas formas em locais distintos. A relação entre pai e filho, por exemplo, pode ser encontrada ilustrando tanto uma obra artística - um quadro, um livro, uma música etc. - quanto configurada numa situação cotidiana - num almoço familiar, nas reuniões de uma empresa, ou mesmo evidenciada numa discussão em um momento de lazer - ; enfim, em qualquer tempo e lugar, como ocorre no Mercado Público Central de Porto Alegre.
Segundo Gramkow e Cavedon (2001), o Mercado Público é um centro de compras, que reúne especiarias finas e artigos populares, com importante presença no desenvolvimento da capital gaúcha. Essa importância se deve ao fato de que o mercado não só é um ponto de abastecimento da cidade, um espaço para trocas econômicas, mas também um ponto turístico e espaço de cidadania.
Para Cavedon (2002), estudar o Mercado Público de Porto Alegre permite desvendar as especificidades do conhecimento administrativo atrelado aos aspectos locais. Nesse sentido, o Mercado Público pode ser enquadrado como uma organização local, cuja cultura organizacional revela aspectos não apenas da cultura porto-alegrense, mas também do estado do Rio Grande do Sul. Além disso, sendo gerido pelo poder público, apresenta a peculiaridade de contar com permissionários que podem ser caracterizados como "proprietários das bancas". Esses permissionários, por sua vez, submetem-se a um processo licitatório na prefeitura, para terem permissão de comercializar seus produtos naquele local. Normalmente, as bancas configuram-se como empresas familiares, e a prefeitura incentiva que as bancas passem de pai para filho, como forma de assegurar que a tradição histórica e familiar seja mantida. Essa tradição se manifesta no atendimento personalizado, na política de preços e na qualidade das mercadorias comercializadas.
Assim, esta pesquisa procura identificar quais os fatores que levam os filhos a sucederem seus pais nas bancas do Mercado