Ambito conceitual da psicomotricidade
A Psicomotricidade (PM) inicialmente encarada como prescrição da medicina psiquiátrica (Dupré 1915), atingiu com H. Wallon (1925, 1934, 1947, etc.) e J. de Ajuriaguerra (1977, 1988, etc.) uma dimensão preventiva, psicoterapêutica, educativa e reeducativa deveras significativa. A PM compreende, no fundo, uma mediação corporal e expressiva, na qual o reeducador (professor especializado) ou terapeuta estuda e compensa condutas motoras inadequadas e inadaptadas em diversas situações geralmente ligadas a problemas: de comportamento, de desenvolvimento e maturação psicomotora, de aprendizagem e de âmbito psico-afetivo. A PM considera o movimento humano como uma ação e uma conduta relativas a um sujeito, isto é, uma ação que só pode ser concebida e abordada nos substratos psiconeurológicos que o integram, elaboram, planificam, regulam, controlam e executam. Trata-se de conceber educativa, reeducativa e terapeuticamente a PM como um processo relacional e inteligível entre a situação e a ação e, entre as gnósias e as praxias. Isto é, a PM subentende uma concepção holística de aprendizagem, que tem por finalidade, associar dinamicamente o ato ao pensamento, o gesto à palavra e o símbolo ao conceito. Ao contrário das concepções de Educação Física, em PM o fim do movimento (e do não movimento) não está em si próprio, mas naquilo que o origina (motivação), que o justifica (intencionalidade) e que o planifica e controla (funções psíquicas superiores).
Não se trata de privilegiar ou hipotecar o corpo e a motricidade ao "físico", ao "morfofuncional" ou ao "anatomofisiológico", defendendo um paralelismo psicofísico, valorizando segmentos ou músculos de um todo indivisível ou aperfeiçoando a componente biológica do esforço. A Psicomotricidade visa, em contrapartida, privilegiar a qualidade da relação afetiva, a disponibilidade tônica, a segurança gravitacional e o controle postural, a noção do corpo, sua