Amar um cão - sobre a obra
(Maria Gabriela Llansol)
A Obra:
Maria Gabriela Llansol, considerada uma das mais inovadoras escritoras da ficção portuguesa contemporânea, escreveu a obra Amar um cão a propósito de Jade, um cão, a quem dedicou o livro pela morte. Jade morreu e Llansol escreveu para ele este Livro-carta, em 1990: "A morte é dar como verdadeiro o que é." (p.11 da cópia)
"Morreu Llansol, provavelmente a maior prosadora portuguesa do século XX, alguém que não era romancista, sequer uma ficcionista no sentido tradicional do termo, por não caber nos parâmetros do género." (Eduardo Pitta, escritor e crítico)
A sua escrita é também por vezes considerada hermética e de difícil leitura, mas segundo João Barrento, Llansol “vivia da matéria do mundo – é só uma questão de saber olhar”.
Amar um cão nos convida a entrar em um universo completamente diferente de todos que já vimos: a instigante obra de Maria Gabriela Llansol. Ao quebrar conceitos tradicionais e não se enquadrar em nenhum gênero literário, o texto da autora contemporânea nos faz retornar ao “pensamento de leite”, ao momento no qual não há conhecimento prévio de nada, mas apenas o desejo de conhecer o novo que tanto inquieta.
Amar um cão é um terreno movediço em que a cada passo anulam-se fronteiras e os pés na grama inventam caminhos para a relação contínua entre dois seres que crescem e “através do outro, em face do outro, sob o seu olhar, um ser sendo forja a sua identidade”.
As personagens:
Jade, o cão – queria aprender a ler;
Sua dona – a narradora e a criança.
O elo entre os dois seres percorre o caminho dos conceitos de figura e legente. (Llansol)
A minha proposta é a de refletir sobre a forma como é expresso no texto este elo infindável e o caminho que percorrem a partir dos conceitos de escriptor (Barthes) e de figura e legente (Llansol).
Tempo e Espaço:
Ainda que estes não tenham linearidade e não sejam reconhecidos facilmente são sugeridos pela escrita de estilo ímpar,