Alvim. zuleika. “imigrantes: a vida privada dos pobres do campo”. história da vida privada no brasil, são paulo: cia das letras, vol. 3, 1998.
O texto mostra um dos melhores relatos do choque entre o público e o privado, observado nos movimentos populacionais compreendido no espaço de 100 anos (1830-1930), que caracterizam a Europa expulsora e a América ávida por população, mudando a vida de camponeses que antes estavam circunscritos aos costumes e práticas seculares que passavam de pai para filho, para uma vida regida por autoridades impalpáveis e invisíveis como o Estado, a burguesia naval e os patrões, donos das terras ou indústrias nos países de adoção.
Esse choque entre público e privado se concretiza nas novas atividades produtoras que os imigrantes serão obrigados a exercer para sobreviver, sua forma de se alimentar, sua higiene pessoal, forma de morar, de realizar suas práticas religiosas e educacionais e suas práticas sanitárias, tão diferentes daquelas de sua terra natal.
A autora também enfatiza que a análise do privado nesse texto não segue o mesmo caminho que as demais análises que já foram feitas em outros trabalhos, aqui o privado não está diretamente associado à elite brasileira e sim aos pobres que vieram para cá em meados do século XIX e início do século XX.
O Brasil e o Imaginário
Em todos os países onde se observou a febre migratória a exemplo da Polônia, Alemanha e Itália, citado com mais ênfase no texto, mas sem esquecer dos asiáticos, a idéia de que o Brasil era um país afável e gentil, onde tudo se multiplica à larga, com abundância de terras e lenha, alimentos e a possibilidade de enriquecer, se propagou pelos campos europeus do século XIX.
Os pregadores e agenciadores de mão-de-obra promoveram a multiplicação dessa imagem, embora, não tenham sido seus criadores. É que o ideário da abundância nos trópicos foi introduzido na Europa pelos descobridores e viajantes desde o século XVI.
A propaganda que tem o poder de atingir as massas,