aluno
PRÓLOGO
Eram duas horas da tarde do dia de Maio de . Atingido por dois torpedos consecutivos, o
Lusitânia afundava-se rapidamente, enquanto arriavam os escaleres, com a maior prestreza possível. Em fila, as mulheres e crianças aguardavam a sua vez. Algumas ainda se agarravam, em desespero, aos maridos e aos pais; outras estreitavam os filhos contra o peito. Uma jovem estava sozinha, um pouco afastada dos outros. Muito jovem, não teria mais de dezoito anos. Não aparentava temor e os seus olhos eram graves e resolutos.
Desculpe...
A jovem voltou-se, sobressaltada por ouvir uma voz masculina a seu lado. Vira aquele homem mais de uma vez entre os passageiros da primeira classe. Rodeava-o uma aura de mistério. Não falava com ninguém. Se alguém falava com ele, dava-se pressa em recusar o tácito convite para a conversa. E tinha também um modo nervoso de espreitar por cima do ombro, com um olhar rápido e desconfiado.
A jovem percebeu que ele agora se encontrava muito agitado. Pingos de suor brotavam-lhe da fronte. Estava, sem dúvida, tomado de pânico avassalador. No entanto, a jovem não o julgaria o tipo de homem capaz de temer o encontro com a morte.
Que há? Os olhos graves da rapariga fixaram, inquiridores, os do homem.
Ele ficou a contemplá-la, numa espécie de indecisão desesperada.
Tem de ser!murmurou de si para consigo. Sim... é a única forma. Alterou a voz e perguntou abruptamente: A senhora é americana?
Sou.
E é patriota? Ela corou.
Acho que não tem o direito de me perguntar uma coisa dessas! Claro que sou!
Não se zangue. Não’ o faria se soubesse como é sério o assunto que está em jogo. Mas sou forçado a confiar em alguém... e esse alguém tem de ser uma mulher.
Porquê ?
Porque «primeiro as mulheres e crianças». Relanceou um olhar em torno de si e baixou a voz: Trago comigo uns papéis, documentos de importância vital. Podem ter um significado decisivo para os aliados, na guerra. Compreende? Estes