aluna de graduação

Crônica GT 3 “A tolerância é a ponte entre a guerra e a paz”.
Essas palavras, ditas pela autora de um trabalho sobre exatamente tolerância, ficaram guardadas em minha cabeça de forma que só seria possível tirá-las dali escrevendo sobre elas.
O tema é complicado pois atinge a nós mesmos, como indivíduos únicos, como grupos que escolhemos ou não e como sociedade. Ninguém é totalmente tolerante, totalmente imune a preconceitos. Vivemos em um país no qual predomina a ideia de que não há problema discriminar desde que não seja de forma explícita e grotesca. Desde que sejamos discretos e sutis, desde que não façamos comentários rudes em voz alta (apenas fale-os baixinho para um amigo próximo ou, melhor ainda, mantenha-os dentro de sua cabeça), não há problema ter preconceito.
E vivemos tal ideia em todo o momento, seja como pessoas individuais, com personalidade própria e pensamentos únicos; como grupos, que se escolhem por semelhanças ou são escolhidos por fatores externos; ou dentro de nossa sociedade, de nossa nacionalidade. A todo o tempo somos atingidos pela intolerância que vem de todos os lados e de dentro de nós mesmos.
Clamamos ser um país respeitoso e aberto a várias culturas, cheio de miscigenações. Consideramos-nos realmente como um povo diverso, cheio de nacionalidades, etnias e costumes que se encontram e se misturam. No entanto, enquanto tudo isso não deixa de ser verdade até certo ponto, vivemos com preconceitos enraizados há séculos e aprendemos a conviver com eles. Já não nos chocam, não nos fazem querer lutar. Já são tão singelos e tão escondidos que fingimos que não estão presentes, e que está tudo na mais perfeita harmonia. Tornaram-se parte de nós, como brasileiros. Já nos definimos e aceitamos ser taxados por nossos próprios preconceitos.
Desde seu descobrimento, o Brasil é um país com plenitude de intolerância e foi esse o ideal passado de geração a geração. O que torna a mudança tão difícil é o hábito: a intolerância é geracional.