Alienação
Ou luz ao cego, ou eloqüência ao mudo...
Nem mudar água pura em vinho tinto...
Milagre é acreditarem nisso tudo!
Mário Quintana – Dos milagres
O objetivo da presente resenha é explorar a temática da alienação que causam todas as crendices de cunho religioso.
Em 1927, Freud escreve uma obra intitulada O Futuro de uma ilusão. Nela, assim como em O mal-estar na civilização (1930), o pensador austríaco almeja analisar, a partir da perspectiva psicanalítica, o problema da civilização, notadamente em sua relação com a religião.
No seu modo de entender, a civilização humana baseia-se na repressão dos nossos instintos como canibalismo, incesto e ânsia de matar. Assim sendo, a coerção é vista como fundadora da cultura, mantendo estreitas relações com o que Freud entendia como superego.
Os homens, desde que nascem, enfrentam uma luta contra a natureza, isto é, tentam negá-la. Além disso, desenvolvem internamente valores morais.
Dentre esses valores morais, afirmam-se as ‘ ilusórias idéias religiosas ’. Segundo Freud, as idéias religiosas trazem diversos problemas para a sanidade humana como, por exemplo, a idéia do pai como fundamento religioso e o excessivo apelo à tradição. Contudo, ainda pior do que a afirmação teológica da religião é a sua afirmação através de artifícios filosóficos. Para ele, a origem psíquica das idéias religiosas é a ilusão.
Na sua concepção, a ilusão está profundamente ligada com a repressão dos desejos humanos e a negação destes desejos.
A base da religião é uma falsa base, portanto, a despeito de sua importância para a formação da civilização, ela não pode ser vista como o seu fundamento.
Nesse sentido, a proposta freudiana é que a ética ocidental supere a religião. No seu entender, as leis religiosas nada mais são do que produções da cultura:
Não se pode negar que “A religião, serve para domar instintos anti-sociais, mas isso não justifica sua outra face que é a de manipular e dominar a