alienação
“No século XX, o resplendor do progresso alcançado pela Revolução Industrial não oculta a questão social. A exploração dos operários fica explícita em extensas jornadas de trabalho em péssimas instalações, salários baixos, arregimentação de crianças e mulheres como mão de obra mais barata. Esse estado de coisas desencadeou os movimentos socialistas e anarquistas.
Nesse panorama, Karl Marx (1818-1883) [...] argumenta que a pessoa deve trabalhar para si, no sentido de que deve trabalhar para fazer-se a si mesma um ser humano. O que não significa trabalhar sem compromisso com os outros, pois todo trabalho é tarefa coletiva.
No entanto, Marx nega que a nova ordem econômica do capitalismo fosse capaz de possibilitar a igualdade entre as partes, porque o trabalhador perde mais do que ganha. Já que produz para outro: a posse do produto lhe escapa. Nesse caso, é ele próprio que deixa de ser o centro de si mesmo. Não escolhe o salário – embora isso lhe apareça ficticiamente como o resultado de um contrato livre –, não escolhe o horário nem o ritmo de trabalho e é comandado de fora, por forças que não mais controla.
O resultado é a pessoa tornar-se “estranha”, “alheia” a si própria: é o fenômeno da alienação. Alienação. Do latim alienare, “afastar”; alienus, “que pertence a um outro”; alius, “outro”. Portanto, alienar, sob determinado aspecto, é tornar alheio, transferir para outrem o que é seu.
Para Marx, que analisou esse conceito básico, a alienação não é puramente teórica, porque se manifesta na vida real quando o produto do trabalho deixa de pertencer a quem o produziu. Isso ocorre porque na economia capitalista prevalece a lógica do mercado, em que tudo tem um preço, ou seja, ao vender sua força de trabalho mediante salário, o operário também