Alienação
No mundo em que a produção e o consumo são alienados, é difícil evitar que o lazer também não o seja. A passividade e o embrutecimento nessas atividades repercutem no tempo livre. Sabe-se que pessoas submetidas a trabalho mecânico e repetitivo têm o tempo livre ameaçado mais pela fadiga psíquica do que física, tornando-se incapazes de se divertir. Ou, então, exatamente ao contrário, procuram compensações estimulantes e até violentas que as recuperem do amortecimento dos sentidos. A propaganda da bem-montada indústria do lazer, ao contribuir, por sua vez, com esse processo de alienação, orienta as escolhas e os modismos, manipula o gosto, determinando os programas. Dependendo da época, elegem-se atividades, corno boliche, patinação, esportes radicais, destacam-se danceterias e barzinhos específicos, filmes da moda, locais de viagem. Até aqui, tratamos de determinado segmento social que dispõe do tempo e do dinheiro para o lazer. Resta lembrar, ainda, que as cidades não oferecem infra-estrutura que garanta aos mais pobres a ocupação do seu escasso tempo livre em atividades gratuitas: lugares onde ouvir música, praças para passeios, várzeas para o joguinho de futebol, clubes populares, locais de integração social espontânea. Essa restrição torna muito reduzida a possibilidade do lazer ativo, não-alienado, ainda mais se lembrarmos que as pessoas se encontram submetidas a várias formas de massificação pêlos meios de comunicação. Vimos que o lazer ativo se caracteriza pela participação integral da pessoa como ser capaz de escolha e de crítica. Dessa forma, o lazer ativo permite a reformulação da experiência, o que não ocorre com o lazer passivo, no qual a informação recebida ou a ação executada não se reorganizam, de modo que nada acrescentam de novo, ao contrário, reforçam comportamentos mecanizados. É bom lembrar que o caráter de atividade ou passividade nem sempre decorre do tipo de lazer em si. Assim, duas pessoas que assistem ao